1/22/2007

ISTO ASSIM

Era assim que se sabia, não a escrever, nem a pensar nisso, o circulo estava fechado, não havia como entrar, o dia seguinte anunciou a passagem, do que foi para o que se seguiria, uma linha a tracejado.

não se sabe para onde virar os olhos quando só a angustia é pura. A cama às mãos atada. Uma laranja sobre o tabuleiro da cozinha quase desiquilibrada uma paisagem. Nos quartos interditos as mãos vão encerrando nos bolsos. A beleza é um perigo, algo nefasto que conduz ao delírio. Tudo o que está a mais dói. sobretudo dói o doer da navalha. Chegar e não encontrar nada. Unicamente as coisas nos lugares exactos. Não há um sopro dentro de casa. Há uma coisa que se perdeu por descuido. Não vale de nada correr para nenhum lado. Entretanto o medo atravessa lentamente a sala. No meio o interior de tudo. À contra luz a pele fica anulada, projecta sombras, no brnco das paredes. as paredes suspendem esta casa como a cabeça agarra um corpo. Um truque de mágica.

Ficar por aqui eternamente mudo, é um destino. O mar bate muito ao longe. Todas as coisas foram feitas para serem desmembradas e depois reconstruidas. Entra aqui o artista com as suas mãos de prata. De natural tudo nos falta. Uma máquina empina-se e larga uivos. O artificial é um logro, um produto imaginativo. Somos feitos de um pó que se deixou de ser feito. Entretanto perdeu-se a palavra. Isto assim, mais vale escapar para o lugar onde seremos vistos. A traição que nos agarra pelas costas. A alegria breve.. O que ficou por dizer. Os dias felizes. Isto assim.



P. Paixão

Nenhum comentário: